Cada vez que vamos nos
aproximando do Candomblé percebemos o quanto sofisticado e complexo é esse
sistema religioso. Tanto que tivemos que
procurar formas de melhor interação. Nesse momento criamos o seguinte ponto de
partida: Natureza é o sinônimo exuberante para a palavra Candomblé. No mestrado,
quando iniciamos essa relação de intimidade, havíamos trabalhado sob a licença
de Exu e a docilidade de Oxum. Dessa vez – caminhos abertos – vamos trilhar
pela vereda de uma relação filial, ou melhor dizendo, o momento de fecundação
do Teatro do Encantamento da Ancestralidade Africana no meu útero negro. É
exatamente nesse instante que a relação (Oxum-Logun) mãe & filho, digamos assim,
toma minha percepção lambuzando-a de água e mel. É assim que nasce mais uma
premissa: Qualquer Mãe é Oxum – Qualquer Filho é Logun. Essa ligação é tão
intensa que já pesquisei textos que dizem que os dois são um só (Oxum é Logun).
Lá vai ele Tima l(i) ehin yeye (r)e (Encarapitado nas costas de sua mãe). No
entanto, tão latente quanto a relação deles é a minha queda pela maternidade.
Sempre a vi como um mistério que somente no teatro eu encontraria soluções estéticas
que talvez pudessem dar conta de traduzir esse mistério universal. Tem sido muito
prazeroso (cantar-dançar-pensar) que essa relação entre ambos é que pode ser a
tal da viga mestra que eu tanto busco para o nosso teatro. Como estamos fazendo
uma pesquisa convidamos a tod@s a embarcarmos junt@s nessa experiência que tem
sido deliciosa. É óbvio que falaremos de Candomblé. Mas para essa oficina
gostaria de compartilhar com vocês um outro caminho inédito e bem próprio dentro das possibilidades sempre infinitas que o Candomblé
Ketu-Nagô tem-nos presenteado. OXUM-LOGUN & a Relação de Descendência no Teatro
do Encantamento da Ancestralidade Africana.