Meu
Cavalo-Marinho sereno e altivo me quis vivo Eu (lossi-lossi) dropei em sua boca
de pipoca-doce. Assim é que é. Meu Cavalo-Marinho é Logunedé. É delícia. Logun,
“menino doce mel, meio Oxossi, meio Oxum”, canta suave feito água no meu corpo
feito fonte, e sai sorrindo aos montes. Pois é “se Oxum é Mãe-Rio, Logun é
Filho-Peixe”.
domingo, 23 de dezembro de 2012
domingo, 25 de novembro de 2012
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Artefatos da Cultura Negra no Ceará & Memórias de Baobá III (2012)
ARTEFATOS DA CULTURA NEGRA NO CEARÁ & MEMÓRIAS DE BAOBÁ – III – 2012
Universidade Federal do Ceará
Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira
Faculdade de Educação
INSCRIÇÕES PRORROGADAS
Inscrições com trabalhos podem ser realizadas até o dia 03/10/2012
Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos:
Prof. Dr. Henrique Cunha Jr. – UFC
Kássia Motta – (UFC)
Ana Cristina Santos – (UFC)
Márcia Cristina Américo (UNIMEP)
Enviar os Resumos à Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos:
Painel (Artigos): Prof. Dr. Henrique Cunha Junior – E-mail: hcunha@ufc.br
Pôster – Profa. Ms./Doutoranda – Kassia Mota – E-mail: kassiamota@gmail.com
Resumo Expandio: Prof. Doutoranda - Ana Cristina: E-mail:
ayana_candace@yahoo.com.br
Resumo Simples: Prof. Doutoranda – Macia Cristina Américo:
Email:cristinamerico@gmail.com
Todos os procedimentos para as inscrições vocês encontram nas páginas 06 e 07 no Link PDF do nosso evento.
LINK PDF: http://toquetons.files.wordpress.com/2012/09/artefatos-da-cultura-negra-no-cearc3a1-20125.pdf
Período de Realização: Primeira Etapa - De 09 a 12 de outubro (terça a sexta). Segunda Etapa (Memórias de Baobá – III), de 02 a 06 de dezembro/2012.
Local: Fortaleza – Ceará
Informações:
Inscrições com trabalhos podem ser realizadas até o dia 03/10/2012
Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos:
Prof. Dr. Henrique Cunha Jr. – UFC
Kássia Motta – (UFC)
Ana Cristina Santos – (UFC)
Márcia Cristina Américo (UNIMEP)
Enviar os Resumos à Comissão de Avaliação de Trabalhos Científicos:
Painel (Artigos): Prof. Dr. Henrique Cunha Junior – E-mail: hcunha@ufc.br
Pôster – Profa. Ms./Doutoranda – Kassia Mota – E-mail: kassiamota@gmail.com
Resumo Expandio: Prof. Doutoranda - Ana Cristina: E-mail:
ayana_candace@yahoo.com.br
Resumo Simples: Prof. Doutoranda – Macia Cristina Américo:
Email:cristinamerico@gmail.com
Todos os procedimentos para as inscrições vocês encontram nas páginas 06 e 07 no Link PDF do nosso evento.
LINK PDF: http://toquetons.files.wordpress.com/2012/09/artefatos-da-cultura-negra-no-cearc3a1-20125.pdf
Período de Realização: Primeira Etapa - De 09 a 12 de outubro (terça a sexta). Segunda Etapa (Memórias de Baobá – III), de 02 a 06 de dezembro/2012.
Local: Fortaleza – Ceará
Informações:
LINK DO FOLDER COM A PROGRAMAÇÃO
domingo, 2 de setembro de 2012
Brincando com os Deuses
MOSTRA COMPETITIVA DE PILOTOS 2011
Brincando com os Deuses
14’30”, SP, 2010
Sinopse
Créditos / Credits
Diretor / Director: Maria Augusta Galli, Simone Colombo
Produtor Executivo / Executive Producer: Guta Galli
Produtor / Producer: Guta Galli
Roteirista / Writer: Guta Galli
Fotografia / Photography: Simone Colombo
Direção de Arte / Art Director: Simone Colombo
Edição / Edition: Lara Lopes
Som / Sound: Murilo Goodgroves
Elenco / Cast: Luana de Iroko, Pedrinho de Xangô, Malu de Omolu, Gabriela de Oxum, Isabela de Iemanjá, Natalie de Oxóssi, Kailane de Iemanjá
Música / Music: Quinteto Armorial, Baden Powel, Júlio Pimentel
Contato / Contact
Nome / Name: Maria Augusta V. Galli
Produtora / Production: Igbi Produção Cultural Multimídia
Telefone / Telephone: (11) 8389-7387
E-mail: gutagalli@gmail.com
Brincando com os Deuses from Simone Colombo on Vimeo.
Brincando com os Deuses
14’30”, SP, 2010
Sinopse
O universo infantil de um grupo de crianças iniciadas num terreiro de Candomblé de Keto, em Guarulhos. O piloto traça um paralelo entre a forma como é vivida e elaborada a realidade do cotidiano das crianças - mostrada em rituais, festas e cerimônias - e a forma como esta mesma realidade é interpretada e reinventada nas brincadeiras.
Créditos / Credits
Diretor / Director: Maria Augusta Galli, Simone Colombo
Produtor Executivo / Executive Producer: Guta Galli
Produtor / Producer: Guta Galli
Roteirista / Writer: Guta Galli
Fotografia / Photography: Simone Colombo
Direção de Arte / Art Director: Simone Colombo
Edição / Edition: Lara Lopes
Som / Sound: Murilo Goodgroves
Elenco / Cast: Luana de Iroko, Pedrinho de Xangô, Malu de Omolu, Gabriela de Oxum, Isabela de Iemanjá, Natalie de Oxóssi, Kailane de Iemanjá
Música / Music: Quinteto Armorial, Baden Powel, Júlio Pimentel
Contato / Contact
Nome / Name: Maria Augusta V. Galli
Produtora / Production: Igbi Produção Cultural Multimídia
Telefone / Telephone: (11) 8389-7387
E-mail: gutagalli@gmail.com
BRINCANDO COM OS DEUSES
Brincando com os Deuses from Simone Colombo on Vimeo.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
terça-feira, 24 de julho de 2012
(Oxum-Logun) & o Afoxé
Só o tempo sabia! O mel das águas doces me deixava intuir. Na serenidade desse arranjo de afoxé que sabe andar a pé, uma fecundação tipicamente maternal (OvOxum), a trasnformava em clássico. Ora, ora, assim que é. Né, Logunedé!? Lossi Lossi, Logun doce!
"A
cultura da ancestralidade pode ser encontrada em qualquer parte do planeta, mas
por motivos históricos e ideológicos, fiz opção pela ancestralidade africana e
pelo recorte de pensar a África que interessa ao Brasil, e pelo Brasil que se
africanizou desde essa África aqui reconstruída. É muito mais um processo
pensado a partir da diáspora (por isso processo, por isso movimento) do que uma
mônada conceitual explicativa do universo - EDUARDO OLIVEIRA".
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Qualquer Mãe é Oxum ~ Qualquer Filho é Logun
Cada vez que vamos nos
aproximando do Candomblé percebemos o quanto sofisticado e complexo é esse
sistema religioso. Tanto que tivemos que
procurar formas de melhor interação. Nesse momento criamos o seguinte ponto de
partida: Natureza é o sinônimo exuberante para a palavra Candomblé. No mestrado,
quando iniciamos essa relação de intimidade, havíamos trabalhado sob a licença
de Exu e a docilidade de Oxum. Dessa vez – caminhos abertos – vamos trilhar
pela vereda de uma relação filial, ou melhor dizendo, o momento de fecundação
do Teatro do Encantamento da Ancestralidade Africana no meu útero negro. É
exatamente nesse instante que a relação (Oxum-Logun) mãe & filho, digamos assim,
toma minha percepção lambuzando-a de água e mel. É assim que nasce mais uma
premissa: Qualquer Mãe é Oxum – Qualquer Filho é Logun. Essa ligação é tão
intensa que já pesquisei textos que dizem que os dois são um só (Oxum é Logun).
Lá vai ele Tima l(i) ehin yeye (r)e (Encarapitado nas costas de sua mãe). No
entanto, tão latente quanto a relação deles é a minha queda pela maternidade.
Sempre a vi como um mistério que somente no teatro eu encontraria soluções estéticas
que talvez pudessem dar conta de traduzir esse mistério universal. Tem sido muito
prazeroso (cantar-dançar-pensar) que essa relação entre ambos é que pode ser a
tal da viga mestra que eu tanto busco para o nosso teatro. Como estamos fazendo
uma pesquisa convidamos a tod@s a embarcarmos junt@s nessa experiência que tem
sido deliciosa. É óbvio que falaremos de Candomblé. Mas para essa oficina
gostaria de compartilhar com vocês um outro caminho inédito e bem próprio dentro das possibilidades sempre infinitas que o Candomblé
Ketu-Nagô tem-nos presenteado. OXUM-LOGUN & a Relação de Descendência no Teatro
do Encantamento da Ancestralidade Africana.
domingo, 6 de maio de 2012
Grupo Escuta de Teatro & Música
Uma alegria que nasce no aconchego do nosso Quintal. Propaga-se pelo acesso
compartilhado que é o prazer de cantar para existir como sempre ensinou a
Ancestralidade Africana. É assim que Bumba-meu-Boi movimenta-se na dinâmica do
ritual e converte-se em CompuTAMBOR! Bumba-meu-Boi são @s Negr@s na alegria
contagiante da festa revertendo e resistindo para (re)construir o viver. Urrou
que acorda a saudade ancestral e atualiza o tempo presente para que descendência
seja o mesmo que comunidade, ou seja, um gesto de afeto para com uma palavra
cheia de abraços.
sábado, 31 de março de 2012
A História do Rei Galanga
Vem da terra o sumo que
alimenta a vida. Ou a gente respeita isso ou nos arvoraremos como a espécie
que destruiu o que os antepassados nos legaram com tanta generosidade.
O candomblé nos ensina a
vivenciar essa relação como uma amizade sincera entre cada ser humano e o nosso
meio ambiente. Cada pedaço de espaço está completamente condensado de energia.
Sempre que a gente esquece esse princípio e nos deixamos ser massificados pela
sanha da conquista que destrói, é essa força que estamos cutucando com vara
curta. Uma energia maternal que tem-nos mostrado o que acontece quando
intentamos ser maior que a amplidão do mistério que envolve essa perfeição que é
a existência da vida no planeta. O
candomblé, através de uma sabedoria que não cabe em nenhum livro, vai nos contar
que a circularidade do mundo canta & dança num compasso de quatro
elementos: Terra, Fogo, Água e Ar. Os orixás (Forças da Natureza) tem a
magnificência de nos ajudar a perceber como nós não podemos usar e abusar dessa
força contra nós próprios: no entanto, acima de tudo está Olodumaré e seu hálito
criador. Onisciente, silente, açambarcando nossa inércia nociva.
Essa cosmovisão africana há
tempos está com a gente, mas tem vindo ficar conosco de forma mais intensa nesse
momento em que estamos compartilhando a criação de uma proposta de contação de história
para o livro da Geranilde Costa, “A História do Rei Galanga”.
Bem, sendo a Ancestralidade
Africana a matriz que movimenta nosso fazer teatral, isso nos mostra outro
caminho que não aceita cristalizar a escrita e a leitura como exclusivas do
processo da comunicação humana. Faz tempo que a civilização dos Dogon, no Mali, sabiamente afirma que "o ritmo é
a mãe das palavras (...)
todo ritmo musical produzido por um tambor pode ser traduzido em tipos que
representam a fala desse instrumento". Em outras palavras os Dogon estão
dizendo que o tambor foi a primeira tecnologia usada para as pessoas se
comunicarem.
Nem
precisamos dizer o quanto nosso Grupo Tambor de Rua se (co-move) com essa
sabedoria dos Dogon. (Co-Move) significa dizer é comovido por esse ensinamento que,
ao final, vai afirmar em alto & bom som: Tambor Fala! (Co-move) é o mesmo que
desencadear todo um processo de trabalho conduzido não pela lógica racional-monológica,
mas, sobretudo, pela emoção & sensibilidade do movimento em ritmo. A
Ancestralidade Africana se estrutura na religião que, por sua vez, não trabalha
com a ideia de dogma religioso e nem verdade imutável. Essa mesma religião – bússola
da vida – vai se assentar no prazer da festa, pois esta encerra todos os
elementos da participação social. A mesma Festa dos tambores sempre que os orixás
comungam com o corpo das pessoas iniciadas na religião, no momento do Xirê. Sem esquecer
que toda essa relação de intimidade dos orixás e o corpo d@s iniciad@s só é
possível porque os tambores foram festivamente mobilizados pelas mãos dos alabês.
Dizem os antigos, “palavra de orixá é som de tambor”. Aqui sempre mora a
possibilidade de outras palavras, infinitas possibilidades. Bem dizem os Dogon,
“tambor, fala!”
quinta-feira, 22 de março de 2012
Alto-Falante: Quando o Corpo Dança Toca o Tambor do Pensamento
“Os
africanos tocam a vida Cantando”
A oficina vai se assentar na
ideia de buscar a teatralidade que habita em nós. Essa compreensão vai pautar o
chão sagrado que nós vamos trilhar para parir nossa cosmovisão afrodescendente
de produzir uma prática teatral que nos comtemple por inteiro. Na verdade,
(Fecundar) nossa didática encharcada de Ancestralidade Africana; daí porque a
proposta que da vida ao trabalho, nasce do princípio da (fecundidade &
procriação) como valores sagrados na CULTURA TRADICIONAL. A cultura da
ancestralidade africana vai sempre privilegiar a possibilidade de circularidade
nos descendentes. Os brinquedos-dançantes que vitalizam o processo dos nossos
encontros apontam para a possibilidade de uma educação em teatro que não nos
agrida nem nos oprima por sermos quem somos, ou seja, o Teatro do Encantamento
da Ancestralidade Africana é a realização concreta do tamborilar que (canta
& dança & diz) ser plenamente possível fazer teatro para além das
muralhas gregas.
No que se refere ao resultado
final da oficina, a relação [Brincantes & Participantes] – a essência do
teatro de rua – vai se estabelecer a partir dos “brinquedos-dançantes”
utilizados na oficina interna com os brincantes. Isso objetiva explicitar os
caminhos e encruzilhadas possíveis! A intenção é creditar aos “brinquedos-dançantes”
a força vital que ludicamente mobiliza o essencial do CORPO, a fim de
desencadear uma expressão teatralizada que DANÇA e faz TOCAR o TAMBOR do
Pensamento.
Esse deverá ser mais um
momento em que nos conectaremos em ligação direta com o jeito africano de
expressar as coisas da vida: dança, canto, festa e...MÁSCARA! Segundo Ana
Cristina da Cunha Lins “o africano vê na máscara uma possibilidade de
participar da multiplicidade da vida, criando novas realidades fora daquela
meramente humana. Mascarado, ele poderá ser também um homem-espírito, benéfico
ou maléfico, homem-animal, homem-divindade. Isto representa uma real
possibilidade de existir de outra maneira, possibilidade admitida e
reconhecida: de fato ninguém duvida do poder transfigurador da máscara”.
Além de toda essa
riqueza, a MÁSCARA é quem vai possibilitar aos mais tímidos uma “proteção”. Na
verdade seria melhor dizer (revelação) de sua emoção e sensibilidade ainda
utilizadas como forma de defesa. Realmente trata-se de um ritual de iniciação.
@s tímid@s, transfigurad@s pela força e magia das máscaras, entram num diálogo
profundo consigo mesm@ para emergirem de lá renovad@s.
“Alto-Falante: Quando o Corpo
Dança Toca o Tambor do Pensamento” passa a ser a crença na nossa própria
palavra, necessariamente a festa que brinca de reinventar o que nos toca mais
profundamente. Fazer teatro é a liberdade de também (engravidar – parir –
criar) nossa Pedagogia do Baobá, porque “quem sabe de mim sou eu”. É por isso que criamos um oriki que diz: (o
teatro que não está em mim não está comigo). Código de acesso ao processo. Vamos
nessa!?
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Afrodescendência Afirmativa: Os Toques & Tons das Canções
Até que os leões possam contar suas próprias histórias, as histórias de caça irão sempre glorificar o caçador - (ditado africano)
A implementação da lei 10.639/2003, na área da Educação, trouxe para sala de aula a fala dos tambores, na medida em que possibilita ao currículo escolar trabalhar, em todos os níveis de ensino, com as questões da cultura e história africana e afrobrasileira.
Fruto de uma luta coletiva do Movimento Negro, essa lei abriga o sonho de vários homens e mulheres que desde a África reagiram contra o ESCRAVISMO CRIMINOSO
que lhes foi
imposto pelo colonizador. Foi por conta do embate coletivo do povo negro que
hoje tornou-se legal estudar de maneira aprofundada e festiva a contribuição
desta cultura e história na formação da sociedade brasileira. Essa lei, se nós
fossemos buscar uma representação próxima do concreto, ela seria assim uma
espécie de Baobá - forte e frondosa - e suas folhas o conjunto de amor e dor de
cada negro e negra feito seiva lhe dando vida, e dela recebendo
vitalidade.
Na cultura dos povos traficados da África para o Brasil, a musicalidade se derrama para todos os lados. Na perspectiva da cosmovisão africana o mundo canta, sobretudo dança! Na cadência rítmica dos griots a sedimentar a memória das comunidades que sempre vão proporcionar aos ouvintes o cantar e o dançar como forma de interagir com a oralidade do c@ntador de histórias; ou também quando a tradição vai dizer que cada pessoa tem sua canção e isso é tão sincero e tocante que se alguém entra em desarmonia a comunidade canta a sua canção para lhe trazer de volta o equilíbrio. E é ainda a musicalidade, agora dos tambores, que vai propiciar uma relação com o sagrado. Na religião da cultura ioruba, os orixás, que são forças da natureza, para estabelecer um contato com os seres humanos são "chamados" através do toque dos tambores. O toque das mãos ao percutir o instrumento possibilita esse vínculo com o sagrado. Nesse momento os corpos dançam, dançam para compartilhar o axé.
Um trabalho voltado para uma interação com alun@s de ensino médio falando sobre as questões da afrodescendência, talvez encontre uma sintonia fabulosa se buscar a via dos toques & tons das canções. Tod@s gostamos de música. Os(as) adolescentes (eles/elas) respiram através das tonalidades diversas e das múltiplas sonoridades. Ainda mais agora quando dispositivos tecnológicos fácil e sutilmente lhes desconectam do mundo plugando-lhes no umbigo infinito das canções.
Realmente, a forma ocidentalizada de 'consumir' canção é bem diferente de uma proposta com a tradição africana na qual as canções serão sempre motivo para um congraçamento. Do ponto de vista da cosmovisão africana o barato só vai rolar se partir do meu umbigo e abraçar no mínimo minha comunidade. No entanto, mesmo com essa diferença cultural, o link que irá estabelecer uma mediação nessa nossa brincadeira continua sendo a musicalidade.
Hoje no Brasil nós já contabilizamos um vasto repertório de canções populares que fazem referências à cultura afrobrasileira, principalmente no tocante ao culto dos orixás. Vai desde as mais refinadas que revelam uma poética para iniciados, passa pelos resquícios de uma onda chamada "axé music" e chega naquelas que não diferenciam candomblé de umbanda. Contudo não perdem o caráter de canal que pode ser estabelecido com (os/as) alun@s, a fim de que seja proposto um diálogo sobre as questões da afrodescendência afirmativa.
As canções que se enquadram no que se convencionou denominar de MPB (Música Popular Brasileira), e que se reportam a essas questões, em sua grande maioria, são excelentes para que a gente possa desencadear, através de suas letras, as mais lúdicas e embaladas ações educativas. Analisar e refletir sobre o contexto e conteúdo dessas canções ou musicalizar & dançar o debate e a pesquisa sobre discriminação racial e/ou religiosa, com certeza é abrir espaço no currículo para que a lei se efetive, é contribuir para uma educação pluralista e nessa pluralidade afirmar a participação da população negra, desconstruindo assim estereótipos e distorções.
Uma canção precisa dizer ao que veio no tempo exíguo e sempre descartável do mercado fonográfico. Três minutos não comportam a profundidade que deve ter uma dissertação, muito menos a complexidade de uma tese. Ainda assim uma canção é um objeto discursivo carregado de intenções. Precisamos não esquecer de que o discurso se alimenta de um dos recursos mais sofisticados para o exercício do poder: a língua. Consciente ou mesmo sem querer uma canção sempre vai estabelecer uma teia de relações. São essas relações que vão animar a aprendizagem cantante. É o que a canção revela ou esconde que vai conduzir o diálogo horizontal em sala de aula.
Uma coisa de imediato salta aos nossos olhos: noss@s alun@s estão submers@s em canções e, podem acreditar (eles/elas) a-do-ram! O que há de tão contagiante nesse tipo de informação? Forma? Deforma? Tem espaço na sua escola? Não é de hoje que a canção vem marcando colado, às vezes no "fundão" ou até mesmo por entre os fones de ouvido mais descolados da sala. Para a cultura de base africana [cantar-dançar] é o mesmo que viver. Não seria esse um toque para que a gente repense nossas teorias tão excludentes da sensibilidade? E por falar em exclusão, uma vez que nós vamos abordar a afrodescendência de forma afirmativa, não seria a hora de criarmos outras metodologias? A cosmovisão africana ficaria encantada, os/as alun@s, idem.
Fortaleza, 04 de outubro de 2008
Wellington Pará... (toquetons@gmail.com)
Wellington Pará... (toquetons@gmail.com)
Assinar:
Postagens (Atom)