quinta-feira, 22 de março de 2012

Alto-Falante: Quando o Corpo Dança Toca o Tambor do Pensamento

Oficina com Wellington Pará...

“Os africanos tocam a vida Cantando”

A oficina vai se assentar na ideia de buscar a teatralidade que habita em nós. Essa compreensão vai pautar o chão sagrado que nós vamos trilhar para parir nossa cosmovisão afrodescendente de produzir uma prática teatral que nos comtemple por inteiro. Na verdade, (Fecundar) nossa didática encharcada de Ancestralidade Africana; daí porque a proposta que da vida ao trabalho, nasce do princípio da (fecundidade & procriação) como valores sagrados na CULTURA TRADICIONAL. A cultura da ancestralidade africana vai sempre privilegiar a possibilidade de circularidade nos descendentes. Os brinquedos-dançantes que vitalizam o processo dos nossos encontros apontam para a possibilidade de uma educação em teatro que não nos agrida nem nos oprima por sermos quem somos, ou seja, o Teatro do Encantamento da Ancestralidade Africana é a realização concreta do tamborilar que (canta & dança & diz) ser plenamente possível fazer teatro para além das muralhas gregas. 

No que se refere ao resultado final da oficina, a relação [Brincantes & Participantes] – a essência do teatro de rua – vai se estabelecer a partir dos “brinquedos-dançantes” utilizados na oficina interna com os brincantes. Isso objetiva explicitar os caminhos e encruzilhadas possíveis! A intenção é creditar aos “brinquedos-dançantes” a força vital que ludicamente mobiliza o essencial do CORPO, a fim de desencadear uma expressão teatralizada que DANÇA e faz TOCAR o TAMBOR do Pensamento. 

Esse deverá ser mais um momento em que nos conectaremos em ligação direta com o jeito africano de expressar as coisas da vida: dança, canto, festa e...MÁSCARA! Segundo Ana Cristina da Cunha Lins “o africano vê na máscara uma possibilidade de participar da multiplicidade da vida, criando novas realidades fora daquela meramente humana. Mascarado, ele poderá ser também um homem-espírito, benéfico ou maléfico, homem-animal, homem-divindade. Isto representa uma real possibilidade de existir de outra maneira, possibilidade admitida e reconhecida: de fato ninguém duvida do poder transfigurador da máscara”.

Além de toda essa riqueza, a MÁSCARA é quem vai possibilitar aos mais tímidos uma “proteção”. Na verdade seria melhor dizer (revelação) de sua emoção e sensibilidade ainda utilizadas como forma de defesa. Realmente trata-se de um ritual de iniciação. @s tímid@s, transfigurad@s pela força e magia das máscaras, entram num diálogo profundo consigo mesm@ para emergirem de lá renovad@s.

“Alto-Falante: Quando o Corpo Dança Toca o Tambor do Pensamento” passa a ser a crença na nossa própria palavra, necessariamente a festa que brinca de reinventar o que nos toca mais profundamente. Fazer teatro é a liberdade de também (engravidar – parir – criar) nossa Pedagogia do Baobá, porque “quem sabe de mim sou eu”. É por isso que criamos um oriki que diz: (o teatro que não está em mim não está comigo). Código de acesso ao processo. Vamos nessa!?